quarta-feira, 24 de setembro de 2008

As Filhas da Noite

"Se não vejo na criança, uma criança é porque alguém a violentou antes;e o que vejo é o que sobrou de tudo o que lhe foi tirado"Herbert de Souza-Betinho.

A prostituição infantil está presente e em grande escala em todo o Brasil. Ela se apresenta de forma explícita nas ruas de capitais como: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e Recife. Mas a enorme surpresa e espanto é como ela se manifesta, a cada dia mais e em número elevado.
Corpinhos de crianças usados e explorados como o de mulher
Em Santa Rita do Araguaia-Go, cidade do sudoeste goiano, com aproximadamente 5 mil habitantes, a prostituição infantil não se faz tão presente como em outros lugares, mas a cidade não é uma exceção, o problema já começa a preocupar.
“Atendo uma mãe que tem mágoa da filha por roubar os programas dela”, diz a psicóloga Hélida Moraes. Ainda segundo ela, na maioria das vezes, o estimulo vem de pessoas da própria família ou conhecidos, oferecendo balas para as crianças mostrarem suas partes íntimas.

“Cumecei cum dez anos e foi porque queria dinheiro e minha mãe não me dava. O primeiro foi um vizinho que deixei passa a mão ni mim, peguei nele também e depois me deu dinheiro. Aí sempre que eu queria dinheiro ele me dava e dependeno o que eu fazia me dava mais, diz A.S.S, adolescente com apenas 13 anos, bem a vontade.


Para a Drª. Bruna, psicóloga infantil do programa CREAS – Centro de Referência Especializada de Assistência Social em Santa Rita, quando um conhecido ou parente usa uma criança ou adolescente a fim de promover seu prazer, toca a criança para estimulá-la e também coloca a criança para o tocá-lo, a criança tem a sua infância violada. “Não culpo as adolescentes por essa vida e sim acredito que se trata de uma infância sem limites” afirma a psicóloga.

“Olha já fiz de tudo, bati, coloquei de castigo, mandei para o juiz, mas não adianta”, fala Maria, mãe de A.S.S. como se desistisse da filha. Mas ela não pode amarrar a filha no pé da mesa e dinheiro dá quando pode, não tem condições de comprar roupa cara. Maria justifica dizendo: “nem com o que ela faz sobra dinheiro porque dá por mixaria. Cuidei enquanto dei conta.”. Para ela o conselho tutelar estraga ainda mais a criança, e fala irritada, aos gritos, com os conselheiros tutelares: “aí que a bichinha dá com vontade eu nem posso bater.”

A mãe também se posiciona e avalia o atendimento da psicóloga:

“Bem ela vai lá conversa, volta e faz a mesma coisa. A solução é colocar num presídio que tem só mulher.”

Médico de PSF fala que as mães podem ficar atentas a sintomas que identificam crianças ou adolescentes que vem se prostituindo ou já abusadas sexualmente, e que esses sinais são fáceis de serem percebidos, geralmente essas são, crianças agressivas com a família, com dores na genitália, com lesões e/ou sêmen no ânus ou na vagina, com preocupações precoces relacionadas ao sexo, com inflamações e hemorragias.
A caminho de um futuro, mas com um presente negro.

Para Hélida, seus pacientes estão conscientes do que fazem e não se arrependem, pois a sexualidade uma vez estimulada não dá para voltar atrás. O resultado disso é a necessidade de orientar essas jovens para se protegerem. E a existência de um programa que dispõe de recursos e ofereça a essas jovens auxílio necessário para sair desta vida e que proponha uma atividade para geração de renda com o objetivo de ajudá-las.
Para ambas as profissionais em psicologia e o profissional em medicina, o que se pode fazer é orientar. Um dos caminhos é através da orientação sexual e familiar, através dele se pode levar informação a essas adolescentes, de como usar o preservativo, para evitar um mal maior (doenças, uma gravidez indesejada e precoce). Aos pais orientação para lidarem melhor com a situação.


Fazem poses de modelos para foto, mas é o retrato de um problema social A prostituição infantil é um mal presente em todas as partes do país. É crime de ordem pública, isto é, pode ser denunciada por qualquer pessoa que viu ou presenciou tal fato.


Adelim,Jakeliny e Lidiane.

Um comentário:

Ariane disse...

O caso da prostituiçao infantil é um problema muito grave e nao tem nenhum tipo de expectativa de ser resolvido. As crianças vao sendo expostas cada vez mais cedo a diversos conteudos sexuais vindos de todos os veiculos de informaçao, o que contribui para uma iniciaçao precoce da vida sexual. Sem a devida maturidade, as crianças nao tem o discernimento necessario para avaliar as suas açoes, para ela os "pagamentos" em balas e outros agrados, sao o bastante para aceitarem os abusos sofridos. Quando o molestador é alguem da familia, o caso fica mais grave e a denuncia mais dificil de ser feita.